quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

O diploma e a primeira geração ProUni

Olá a todos.
Neste dia 25 de Dezembro de 2008, o jornal "O Globo" deu destaque aos primeiros estudantes que chegaram a universidade através do Programa Universidade Para Todos (ProUni). Aproximadamente 56 mil brasileiros e brasileiras, que formam a primeira geração de beneficiados por esta feliz inicativa do governo federal, receberão seus diplomas no fim deste ano.

Conforme explica a matéria, escrita por Josy Fischberg, os bolsistas nada deixam a desejar aos que pagam seus estudos e que seriam mais bem preparados para cursar uma faculdade, como disseram - e ainda dizem - muitos por ai.
É evidente que o programa pode não ser perfeito, mas simboliza uma grande virada na educação do país. Aos que pensam que estudante pobre e de escola pública são incompetentes, estes resultados provam o contrário. Eles são tão inteligentes quanto os outros - e, muita vezes, até mais eficientes.

Não se pode esquecer, claro, que a educação básica do Brasil ainda precisar avançar e ter mais atenção dos governos. No entanto, os frutos destes investimentos só vão aparecer daqui a alguns anos. O Prouni - junto às cotas sociais - entra como uma medida temporária, visando a facilitar o acesso dos cidadãos mais carentes ao Ensino Superior, dando-lhes uma perspectiva de vida, novas esperanças e capacidade de crescer, em todos os sentidos.

Além disso, outro fato que se pode inferir disto é a incapacidade do vestibular de avaliar se uma pessoa tem condições de entrar para o meio acadêmico. Ultrapassado e ineficaz, o vestibular serve apenas para elitizar as universidades públicas, haja vista que quem pode pagar os famosos "cursinhos" sai em vantagem na disputa por uma vaga no 3º grau.

É com medidas assim que o Brasil tende a ir para frente. Formar cérebros é mais importante do que só formar técnicos. Sucesso aos novos diplomados.

Feliz Natal a todos. Voltarei com textos melhores.

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Angle and Face




É muito interessante a maneira como as pessoas vêem o mundo pode influenciar o mundo e determinar uma maneira de ver toda a arte e cultura, inclusive a cinematográfica. Já parou para se perguntar o porquê de os filmes famosos Hollywoodianos lotarem as salas de cinema? Esses filmes ficam em cartaz por um tempo longo e passam em várias salas, em diversos horários e locais. Inclusive em locais de mais fácil acesso e é claro, mais baratos. Essa maneira de fazer filme foi criou o mito de que tudo o que se entende por cinema ocidental é isso. É necessário fazer com que o público se acostume com a idéia do que é cinema, a partir do qual se deu um longo tempo para convencer as pessoas de que aquilo é bom, e de aquilo é o certo. Mas é preciso lembrar que nem sempre o comum é certo e o certo é o melhor que se tem a fazer.
Tudo o que um indivíduo ocidental deseja é se sentir único (e não adianta negar isso porque é psicologia, é ciência e eu a aceito como tal) e imaginar que as experiências que vivem são fruto do pensamento subjetivo. Apesar de isso ser verdade não é o que o indivíduo ocidental cultua como bom pela indústria cinematográfica particularmente. Paradoxal, não? Então por que não cultivar o hábito e fazer de conta que o filme foi feito para cada um de nós, com a tenção especialmente voltada para o nosso modo de ver o mundo? Cenas de lutas, explosões, cores e brilhos chamam muito a atenção, mas se o ser humano ocidental só quer passar por uma experiência subjetiva por que não satisfazê-lo?
Se você refletiu em algum momento da sua vida sobre isso, ou se nunca pensou nisso mas decidiu pensar agora ainda há tempo.
Falando em indústria cinematográfica ocidental atual (nome besta, pode falar) o motivo de minha revolta educada, claro se chama Vicky Cristina Barcelona. E o que é isso? É o nome de um filme que está em cartaz nos cinemas. Vicky Cristina Barcelona é um filme de Woody Allen especialmente belo, cuidadoso e artístico. Vendo este filme e a partir da reflexão nesses e em outros filmes do mesmo autor, pude notar algo interessante: as imagens focam constantemente nos rostos dos personagens. Até mesmo em cenas pra lá de corpóreas e quem em qualquer obra que se preze deveria mostrar ao menos alguma coisa para deixar o público confortável e ainda mais curioso.
O foco no rosto provoca uma sensação de maior intimidade entre o público e o artista. É como se permitisse imaginar o que o personagem está sentindo, ou até mesmo o que está pensando. Decididamente este filme é sobre pessoas. Sobre pessoas e relacionamentos. Sobre pessoas e pessoas. Entende?

Link para o trailler do filme:

http://br.youtube.com/watch?v=39PuFOTjtk8


sábado, 15 de novembro de 2008

I can't forget the time or place



Cena da música "Something", de George Harrison

Sábado á noite e todo mundo espera alguma coisa. Qualquer coisa! Pelo menos os populares, como diz o Cadu. A única coisa que eu não esperaria era uma ligação da Renata.
E já eram dez e meia quando ela me ligou me convidando para ir dormir lá. Ela já havia até me falado sobre o filme, mas não havíamos determinado uma data para assistí-lo. O horário era meio complicado, estava tarde. Mas eu fui, e incrivelmente consegui acertar o caminho sozinha, com uma ajudinha da Renata, claro, mas eu consegui. E foi inédito.
O filme era um musical somente com canções dos Beatles chamado Across the universe. Eu nunca tinha ouvido falar do filme, apesar de ter sido lançado no começo do ano. Falando sobre a minha impressão em relação sobre o filme, não há como descrevê-la com apenas uma palavra. É incrível, emocionante, especial, diferente, passional. Me pergunto como nunca ninguém tinha feito isso antes! Será que alguém antes já havia pensado nisso? Um musical apenas com música da banda que é considerada a Melhor de todos os tempos. Eu não sou fã de Beatles, e realmente conhecia muito pouco até assistir esse filme. Mas acho que as músicas da banda têm uma característica especial de atemporalidade e simplicidade que as tornam lindas em diversos arranjos, compassos, interpretações e seja lá o que for de musical.
Os personagens do enredo tem nomes cujas referências estão nas músicas dos Beatles. A história é sobre um romance entre um jovem inglês chamado Jude (Hey, Jude) que viaja para os Estados Unidos em procura de seu pai, que abandonou ele e sua mãe antes de seu nascimento, e Lucy (Lucy in the sky with diamonds) uma jovem americana, irmã de Max, que se tornou amigo de Jude. Max estuda em Princeton, onde o pai de Jude trabalha como zelador. Lá os dois se conhecem e se tornam amigos. Max possui um espírito rebelde e impetuoso, e convence Jude a se mudar com ele para Nova York, enquanto Lucy aguarda o retorno de seu namorado, Daniel, que foi lutar na guerra do Vietnã. Um tempo após receber a notícia da morte de Daniel, Lucy vai passar um tempo morando com seu irmão Max e seu amigo Jude, numa pensão onde eles alugaram um quarto em Nova York. Lucy e Jude se apaixonam, porém a maneira de Lucy ver o mundo começa a mudar a partir do momento em que ela passa a presenciar os protestos nas ruas da cidade e do país contra a Guerra do Vietnã e partir do momento em que Max é convocado para a guerra. Lucy se envolve com rebeldes em movimentos de protesto e isso provoca uma grande dificuldade de relacionamento entre ela e Jude. E é nesse enredo que os fatos se desenvolvem e é claro que não irei contar a história toda aqui.
O filme conta com um elenco desconhecido, porém muito talentoso, que dá uma roupagem muito bonita musical, unida à simplicidade da música dos Beatles. O ator que interpreta Jude (Jim Sturgess) pode ser visto no filme 21 (Quebrando a banca, em português), onde interpreta o personagem Ben Campbell.
A direção é de (Julie Taymor) mesma diretora do filme "Frida", de 2003, e conta com uma pequeníssima participação da atriz Salma Hayek interpretando uma enfermeira e de Bono Vox, interpretando um tal senhor psicodélico.

domingo, 2 de novembro de 2008

Falando em Estados Unidos...

Caramba. Quando tempo! Finalmente consegui voltar a escrever aqui no "NI". Vim rapidamente fazer um comentário e acrescentar uma novidade ao blog.
Logo abaixo da nossa logo, agora há um relógio que conta os dias, as horas e os minutos para que George W. Bush deixe a Presidência americana.
Diferentemente do Brasil, onde os novos mandatários assumem no primeiro dia do ano, lá nos "States" os vencedores do pleito geral juram seus cargos no dia 20 de janeiro.
E quem sairá vencedor da próxima votação para presidente dos Estados Unidos?

Confusa, a eleição americana permite voto antecipado. Estranho. Muito estranho. Ainda tento ver uma explicação razoável.
A disputa envolve o republicano John McCain e o democrata Barack Obama. Se você tiver entrado aqui antes do dia 4 de novembro, ainda pode dar um palpite sobre quem sairá vitorioso - sabe-se lá como funciona a cabeça dos americanos.
Caso entre depois, poderá ver se eu acertei o meu palpite. Acho (e espero) que dá Obama.
Curiosamente, a revista Época que vai chegar às bancas nesta segunda-feira traz Obama na capa e pergunta: Por que o mundo quer Obama? - O que o primeiro negro a um passo da Casa Branca representa para a economia global, para o futuro do planeta - e para a sua vida?

A resposta ainda não sei, mas vou conhecer após ler a matéria - o que vai acontecer exatamente agora.
Abraço a todos.

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

In vain

Trovadora

Nos seus olhos que brilham
acende uma chama que se faz
abrir o coração aos pés que caminham
em uma sombra de dúvida que te leva para trás.


sem pensar no medo, doce escudo de proteção
entregar a paz do seu sono a um pedaço de flor
que esgota suas lágrimas pra demonstrar que não é em vão
que as palavras podem trazer a cor
que há tempos não via em razão da dor.

pensa em um sonho e o faz por surpresa
pode entregar seu sentimento protegido
a uma pétala que não enxerga a beleza
repara em sua volta como tudo pode ter fugido

deixa a flor crescer
a faz cuidar de algo mais que sempre irá existir
compra o segredo de viver
ao lado de quem não te deixa cair.


compra pelo mais por que já é tua a flor
abraça toda e a faz crescer
mata o medo e o rancor
faz o merecido voltar a ter...

valor...



Não lembro quando escrevi isso, nem tenho o feito mais. Os pensamentos mudam,
hoje vejo que é uma tremenda bobagem.
É o que sobrou.

domingo, 7 de setembro de 2008

Misunderstood

Pensei inicialmente em um título mais atrativo, algo que dissesse mais sobre o que eu realmente quero transmitir nesse momento. mas o que apareceu foi a palavra referida acima. De certa maneira seu significado foi bem propício, pois acho que o que estou pensando agora é profundamente difícil de compreender e no fim das contas acaba por ser mal entendido.

Estes tempos de férias são momentos de refletir muitas coisas , inclusive inutilidades. Não que cultura seja inutilidade, mas é que depende do ponto de vista. É tempo de fazer coisas, perder tempo com coisas, pensar em coisas, e muito, por que o resto do ano está comprometido com obrigações. Coisa óbvias à parte, esta semana fui duas vezes à um evento que acontece todos os anos no Rio de Janeiro e em São Paulo no mês de julho: O Anima Mundi.

A primeira vez que fui ao evento foi em 2005, com uns amigos da escola. Foi muito divertido! A maratona se deu entre o CCBB, Centro Cultural dos Correios e Cine Odeon e para mim foi inesquecível. Lembro-me até hoje de um curta psicodélico de aproximadamente 40 minutos, onde não havia diálogos mas somente imagens que proporcionavam diversas interpretações às pessoas que assistiam. O teatro estava cheio e nós sentamos bem à frente por que chegamos atrasados. Passei toda a sessão com o pescoço levantado e no fim dela estava com o pescoço doendo tamanha a vontade de não desgrudar os olhos das imagens psicodélicas. O anima Mundi acabara por ter sido muito bem apresentado a mim. Volto lá todo os anos desde então, e levo pessoas comigo. Este ano teve um sabor especial, pois eu consegui uma coisa que eu desejava desde que fui lá a primeira vez: ir no mesmo ano duas vezes ao animamundi o Rio de Janeiro!



sexta-feira, 22 de agosto de 2008

De volta do ReUni


Estou há tanto tempo sem postar aqui que perdi um pouco da prática. Já tinha começado a escrever um texto sobre o Animanundi mas acabei desistindo, pois acho que já faz muito tempo que o evento aconteceu e não faz tanto sentido falar dele aqui.

Hoje, lendo o Jornal da Ciência, vi uma notícia que me chamou atenção. Falava sobre a antecipação da implementação do Reuni e achei interessante comentar aqui.

A implementação do Reuni, ( Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais) que era prevista para 2010, parece que foi antecipada pelo Presidente Lula. A proposta inicialmente começaria entre 2011 e 2012 e parece não agradar a maioria das pessoas que serão atingidas por essa proposta.

Palavras do Presidente Lula:

"Vamos colocar mais 400 mil jovens na universidade. Estamos levando as instituições para o interior porque a universidade é que deve estar perto do jovem, não o jovem se mudar para as grande cidades"

Essa proposta já foi discutida em um outro texto que escrevi sobre o Reuni este ano aqui no blog. Leia e forme sua opinião.

terça-feira, 15 de abril de 2008

Por enquanto, eu quero PAS (com S mesmo!)

Luta. Concorrência. Disputa. A sociedade brasileira – como muitas outras outras – está cada dia mais competitiva. Como dizem, o mundo é uma selva, onde só sobrevivem os espertos (e os expertos, claro!).

Entretanto, mesmo para muitos destes conseguirem a ‘vitória’ , há um caminho bastante difícil, árduo. As diferenças econômicas, culturais e sociais influenciam de forma considerável na briga entre os que desejam ascender na pirâmide social. E um dos setores atingidos por esta desigualdade é a educação. Tá! Até aí, nada de novo, certo?

Tratando-se de educação, me lembrei do vestibular e de todos os programas que facilitam o ingresso de cidadãos menos favorecidos às universidades (com os quais concordo, em termos). Assim, chamou-me a atenção, semana passada, uma notícia importante: “a Universidade de São Paulo (USP), no vestibular de 2009, irá implementar em seu Programa de Inclusão Social(INCLUSP) o PAS (Programa de Avaliação Seriada), como forma de democratizar o acesso a seus cursos’.

Quantas siglas! Vamos passa a passo. O que é INCLUSP?
É o programa utilizado pela USP que visa a facilitar e a estimular a entrada de estudantes da rede pública na instituição. Como diz a apresentação do INCLUSP, feita pela universidade, em 2006: “O Programa de Inclusão Social da USP deve ter como foco ações direcionadas à melhoria do ensino público fundamental e médio que, além de contribuir para a educação geral, permitam identificar os melhores talentos, independentemente de sua história social e econômica.”
“Com isso, será possível minimizar a perda de talentos decorrente da perversa combinação de fatores negativos, como a deterioração da qualidade do ensino oferecido pela escola pública, e um sistema de admissão à Universidade que privilegia o acúmulo quantitativo da informação no momento do ingresso e não o potencial intelectual e criativo dos candidatos.”


Bingo! Parece que estamos encontrando o caminho para um vestibular mais justo. Qualidade no lugar de Quantidade. Identificar talentos, méritos, já no ensino médio é bastante justo. Mas é só um passo. Pra quem não gosta das cotas (de nenhuma delas) é uma bela saída. No entanto, não torna as cotas desnecessárias ainda.

E onde entra o PAS? O programa foi implementado pela primeira vez na Universidade de Brasília (unB) nos anos 90. E tem por objetivos: 1) selecionar os futuros estudantes universitários de forma gradual e sistemática, não apenas com uma exame seletivo (vestibular, como hoje é realizado em grande parte do país); 2) definir os parâmetros de um processo seletivo que busque a avaliação da aprendizagem significativa, privilegiando a reflexão no lugar da memorização, ensino sobre adestramento, qualidade sobre quantidade.

Neste programa, realiza-se a cada série do ensino médio uma avaliação. No fim, tira-se uma média das 3 provas (já que são três anos) e a nota entra como um bônus no vestibular, cujo valor seráa definido por cada instituição. Reduz-se assim a diferença entre estudantes de escolas particulares e públicas.
Essa aproximação entre escola pública e universidades, sugere uma melhora na qualidade dos conteúdos transmitidos no chamado 2ºgrau. Pois alinha-se escola regular com vestibular, com o ensino superior. A educação deixa ser só ‘decoreba’, e encontra sua função e utilidade. Passa a servir de “suporte para o desenvolvimento de competências e habilidades, contextualizar o cidadão em sua realidade social e colocar as bases do profissional do futuro”.

Ainda estamos longe do ideal, mas aos poucos encontraremos a fórmula mais justa. Até que todos estejam em condições, no mínimo, semelhantes de disputa. É utopia? Provavelmente. Todavia, a gente não perde nada acreditando e buscando a tal igualdade.

NOTA 1: Há quanto tempo não escrevia no blog? Bastante, né? A quem passava aqui e não via textos atualizados, peço desculpas.

NOTA 2: Todos os textos entre aspas são citações. Foram retirados dos seguintes links: INCLUSP e PAS . Clique para saber mais.

sábado, 22 de março de 2008

PROIBIDO pela Relatividade


Depois de tanto tempo sem ninguém postar aqui estou postando agora uma inutilidade (aparentemente para alguns). Estou aqui para falar um pouco de um filme que assisti no final do dia 29 de dezembro de 2007. Provavelmente eu guardo a data por que eu tenho tendência a lembrar de inutilidades ou por que eu gostei muito do filme. Eu sei que é a segunda opção, mas a primeira é a mais pura verdade.

Bem, essa palavra está muito na moda ultimamente. Desde que começou a aparecer em músicas, em assuntos ligados à neurologia e até em questões sobrenaturais.

Sabe aquele sentimento/sensação que você tem quando está fazendo alguma coisa, passando por algum lugar ou falando com alguém e de repente parece que você já fez aquilo? Você não sabe onde fez, com quem fez e nem por que fez, mas você sabe que aquilo já aconteceu. A explicação para isso é dada em termos neurológicos mas constantemente é associado ao mundo sobrenatural: algo que ocorreu em outra vida, e que de certa forma faz parte da nossa memória. Estou falando da palavra Dejà vu, que é uma expressão da língua francesa e língua frísia que significa já visto (literalmente).

O filme Dejà Vu passou despercebido por mim muitas e muitas vezes na locadora. Sempre que via imaginava que fosse algum filme de ação que falasse de corrupção policial. Não sei o porquê. Até que um dia eu fui até a locadora e como não tinha nada que me chamasse mais atenção eu aluguei o filme e realmente não esperava nada de diferente. E se tornou... o melhor filme do ano para mim, aquele que chega bem no final do jogo.

Dejà Vu é um filme com uma estrela (Denzel Washington no papel principal) mas não conta com nenhum elenco grandioso e nem efeitos incríveis. Mas a história é realmente muito boa e foi capaz de me entreter durante o filme inteiro. A história mistura conhecimentos científicos reais, uma tecnologia um tanto apelativa para os dias atuais e a história de um policial que tenta resolver um crime quase perfeito.

Bem, talvez essa expressão “quase perfeito” dê uma sensação de filme repetitivo, mas não quero aqui fazer nenhuma resenha sobre o filme. Gostaria apenas de ressaltar uma parte muito interessante. Acontece quando um cientista membro da equipe que desenvolveu o programa que é capaz de obter as imagens do passado explica como é possível isso acontecer. Ele pega uma folha de papel comum e une duas de suas pontas, formando uma curva. De uma maneira bem “grosseira” ele diz que aquela folha poderia ser a curva espaço tempo, e que as extremidades opostas seriam passado e futuro, os quais podem se tornar paralelas. Ou seja, pode-se observar algum fato que aconteceu no passado, estando no futuro, porém esse fato passado comporta-se como se estivesse ocorrendo paralelamente ao que o programa transmite (uma as pontas opostas da folha de papel). É exatamente o que acontece quando o detetive Doug Carlin (Denzel Washington) e a equipe que desenvolveu o programa estão observando Paula Patton (Claire Kuchever) no passado, enquanto esta tem a sensação de está sendo observada por eles.

Em relação ao título, é uma referência à um fato do filme muito curioso que acontece quando a experiência de viagem no tempo é feita com um bilhete de papel e em seguida com um homem, o próprio Doug. Isso certamente é uma ciência para a nossa viagem atual, ou melhor, uma “viagem” para nossa ciência atual. Um tanto distorcida ainda. Mas seria muito interessante acontecer.

Aqui segue o link do trailer de Dejà Vu:

http://www.youtube.com/watch?v=4iHOykX472k

terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

ReUNIndo











“Não é um romance, uma novela. É uma ficção da realidade humana, uma transposição da realidade para a imaginação daquilo que deveria ser realidade.”

Thomas Moore (1478-1535), Utopia (1516)


Nesse livro o autor Thomas Moore narra sobre uma ilha fictícia (http://luis-tudoomais.blogspot.com/2007/03/thomas-moore-o-fim-da-utopia.html), onde haveria uma sociedade ideal (República Utopiana). Ele diz desejar um dia vê-la real. Alguns dizem que essa Ilha Utopiana seria o Brasil. Pode parecer até brincadeira, mas não é.

Essa breve introdução a respeito da obra “Utopia” servirá de reflexão para tratar sobre um assunto complexo e que vem sendo discutido nas Instituições de Ensino Superior Federal do Brasil: Reuni.

Gostaria de esclarecer a relação entre o Reuni e a obra Utopia, mas quero apresentar no decorrer do texto alguns argumentos que demonstram essa minha visão. A proposta do Reuni é muito bela, mas é uma Utopia.

O Reuni é um Programa de Apoio ao Plano de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais e foi instituído pelo decreto presidencial nº 6096 de 24/05/2007. O objetivo do programa é aumentar o número de vagas nos Cursos de Graduação das Universidades Federais do Brasil. Mais um programa, que juntamente com o ProUni, faz parte de um Plano de Inserção da população no Curso Superior.

Para tal objetivo, o Reuni conta com uma série de propostas de reforma que provavelmente serão implantadas a partir deste ano. Algumas dessas propostas já foram, e estão sendo ainda, constantemente debatidas nas Universidades. E há que se dizer, as opiniões têm sido as mais controversas possíveis. Em algumas ocasiões, pelo menos na UFRJ, houve manifestações de estudantes com ocupações na Reitoria e muitos conflitos durante reuniões e eleições para a Chapa do DCE (Diretório Central dos Estudantes).

O Ministério da Educação se queixa da grande liberalização do Ensino Superior, pois 70% dos cursos estão sob poder do setor privado. Isso vem acontecendo nos últimos anos devido a vários motivos, entre eles, o ProUni (Programa Universidade para Todos) e diversos programas de cursos à distância, financiamento de mensalidades, etc.

Vamos ao lado bom do ReUni:

Atualmente, apenas 10% da população Brasileira entre 18 e 24 anos está no curso superior. Comparados a países como Argentina, onde o número ultrapassa 30% , é realmente muito baixo. Apesar de tudo, a Argentina não chega a ser um ótimo exemplo. Porém em países como Canadá e Estados Unidos houve uma expansão de 50% através de programas de diversificação, como a criação de “Colleges” com cursos de 2 anos de duração, passando por carreiras tradicionais e Pós-graduação. Frente a essas informações, pode-se perceber que é necessário uma Reforma no curso superior e, principalmente, encontrar maneiras de mudar a situação atual. E agora, vamos ver o que está sendo feito para mudar isso.

A estratégia de implantação do ReUni está prevista para ocorrer nos próximos 4 anos. Algumas das “propostas” já aprovadas são:

1. Aprovação de 90% nos cursos superiores;

2. Aumento orçamentário de 2 bilhões (20%) para as Universidades que atingirem as metas estipuladas durante um período de 5 anos;

3. Aumento da relação aluno professor de 18 para 1;

Esses são apenas uns dos objetivos gerais. Porém, em algumas Universidades, isso pode variar. Por exemplo, na UFRJ, tem-se como objetivo levar todos os cursos para a Ilha do Fundão, aumentando também o número de vagas nos cursos já existente e criando novos cursos e em novos horários. Criação de cursos de Engenharia noturna no CT (Centro de Tecnologia) e isso, é claro, exigiria maior segurança lá, maior número de ônibus e de linhas de ônibus, gastos com manutenção, contratação de professores (Pós-graduados), funcionários para limpeza, manutenção, laboratórios.

Uma outra proposta seria a criação (na UFRJ) de ciclos básicos dentro das grandes áreas: Ciências matemáticas e da natureza, Ciências Humanas, Ciências da Saúde , Ciências da tecnologia, etc. Esses ciclos básicos teriam a duração de 3 anos, e a partir daí, de acordo com o desempenho do aluno ele poderia, ou não, continuar seu curso, obtendo assim uma graduação específica em uma determinada área. Caso o aluno não vá bem no ciclo básico, ele sairá com um diploma de “não sei o que”, porque, na verdade, não sei dar o nome a quem fez as Físicas e os Cálculos em um curso de Ciências Matemáticas e de Natureza nem sei o que essa pessoa pode fazer. Antigamente chamavam isso de “não terminar a faculdade”.

Fiz um breve resumo do que é o ReUni e do que pode vir a ser. É importante estar atento à preservação da qualidade do Ensino Superior no Brasil e do Ensino em geral. A educação pública brasileira nos níveis fundamental e médio vem mostrando resultados péssimos em avaliações internacionais, e é preciso tentar mudar isso. Lembrando que quem está nos ensinos de base hoje estará no Ensino Superior amanhã.

Para saber mais sobre o Reuni:

http://ocupaufpe.blogspot.com/2007/11/afinal-o-que-reuni.html

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

Mercado: O Jovem



Da última vez, escrevi sobre a transformação das relações de trabalho em virtude principalmente da grande Revolução Tecnológica ocorrida no Brasil e no mundo. Como prometi, continuarei falando sobre o mercado de trabalho, mas desta vez abordarei um aspecto que está ainda mais próximo de mim: a relação entre os jovens e o mercado de trabalho.

Uma pesquisa feita em 2005 pelo IBASE (Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas) em conjunto com o Instituto Polis, revelou que 27% dos jovens residentes nas principais regiões metropolitanas do país não exercem qualquer atividade educacional ou profissional. Esta conclusão foi tirada após serem ouvidos 8.000 jovens, assemelhando-se com a pesquisa feita pelo IBGE, em dezembro do mesmo ano nos grandes centros, na qual apontou que 23% destes com idade entre 16 e 24 anos, não estudam e não trabalham.

Esses dados além de remeter críticas e ofensas aos jovens nos revelam uma preocupante situação; e desde quando a pesquisa foi realizada, a realidade não mudou muito. Sabemos fatores como os ambientes familiar e social, a qualidade da educação - que no Brasil não é levada tão a sério – e a oportunidade de conhecer o mundo através de outros meios, influenciam sim na capacidade de inserção do indivíduo e no tipo de atividade.

“(...) Incerteza, fragilidade e insegurança têm sido, freqüentemente, palavras expressadas para caracterizar traços juvenis. Mas, num contexto de alto desemprego e subemprego, tanto para os jovens quanto para os adultos, como poderemos caracterizar o mercado de trabalho e a, quase sempre, inexorável inserção do indivíduo nesse mercado? ¹”

(...)Nossos grandes mercados urbanos de trabalho parecem estruturados de forma a ameaçar os trabalhadores jovens com a reprodução duradoura da instabilidade dos empregos precários e da recorrência do desemprego. Longe de se afigurarem como tormentos da inserção “juvenil” a serem ultrapassados com a maturidade profissional, esses riscos estão presentes na ordem do dia do mercado de trabalho também para grande parte dos adultos. ²

Baseado em minha experiência, notei que a principal dificuldade dos jovens – e me incluo neste grupo – é justamente a exigência da experiência profissional. Essa situação nos faz praticamente gritar para os empregadores: COMO TER EXPERIÊNCIA SE NÃO TENHO UMA PRIMEIRA OPORTUNIDADE?

O quadro nos leva a concluir também que além dos fatores supracitados, a exigência por experiência acaba afastando nossos jovens, os quais geralmente não têm muitas oportunidades, do mercado de trabalho. Obviamente que existem outras variáveis e conseqüências a partir deste assunto. Porém, na prática há diversas saídas como, por exemplo, o setor de serviços, que emprega na maioria das vezes pessoas sem experiência e ainda, aquelas que estão há algum tempo fora do mercado. Vale destacar que este é o setor que mais cresce todos os anos, mas os jovens acabam não sabendo disso e perdem a chance de começar a carreira. Sugiro também aos novos profissionais que continuem buscando as oportunidades, mas também fiquem atentos as mudanças a sua volta.

¹ http://www.centrodametropole.org.br/divercidade/index.html , confira a matéria sobre transição das fases na vida, dentre outras.
² Ana Amélia Camarano: Diretora de Estudos Macroeconômicos do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA). Organizou o livro “Transição para a vida adulta ou vida adulta em transição?”, lançado pelo Instituto. O livro também conta com a colaboração de diversos pesquisadores, dentre eles, a socióloga Nadya Araújo Guimarães, pesquisadora do Centro de Estudos da Metrópole (CEM). Guimarães, 2006: 173.

segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

Comunicação e Inclusão

Volta e meia, afirmamos o orgulho de viver em uma democracia estável, onde todos têm o direito de se expressar – e se expressam. Mas como em quase tudo neste país, há controvérsias.
Nos últimos tempos, o termo “sociedade” tem sido utilizado exaustivamente – e, algumas vezes, levianamente - para designar toda a população nacional. “A sociedade exige”, “A sociedade quer”... É sempre assim.

A evocação da vontade coletiva, por parte dos políticos, para justificar suas atitudes deve nos fazer pensar se, de fato, participamos e exprimimos opiniões e idéias sobre os problemas do nosso cotidiano. Até que ponto fazemos parte dessa “sociedade”, se não existe um canal de comunicação direto entre governantes e comunidade e, até mesmo, entre os membros desta comunidade? E será que todos conseguem participar dela?

É evidente que as mídias de massa (tv, rádio, jornais impressos, revistas) assumem papéis importantíssimos, sendo nossos representantes nessa relação.Apesar disso, é necessário um veículo capaz de transmitir com fidelidade e autenticidade o que se passa no dia-a-dia e na cabeça dos cidadãos, principalmente daqueles que vivem mais a margem.

A comunicação comunitária, livre de interesses financeiros, é uma oportunidade enorme de se conhecer um lado, até então, mantido sob o tapete. Com cultura, linguajar e hábitos próprios, a periferia tenta conseguir o seu espaço e se impor, mesmo com as dificuldades, como parte fundamental e influente no rumo que toma o seu bairro, a sua cidade e o país.
E digo mais: o diferencial desse novo jeito de se difundir informação vai além do produto final, do programa pronto em si. Neste modelo, o processo é muito mais importante, porque é nele que as pessoas interagem e se identificam, as idéias convergem e tudo se torna comum, seja qual for o objetivo matriz de cada televisão comunitária. Elas são o verdadeiro “espelho social”, refletem fielmente a imagem de seus criadores.

Antes de continuar, abrirei espaço para uma auto-citação (me perdoem! Rs). Relembrando um trabalho de universidade que fiz no ano passado, colocarei um pequeno trecho capaz de esclarecer melhor a questão:

“A importância de meios alternativos de comunicação é fundamental na tomada de consciência do cidadão. Assim, ele é capaz de perceber se seus direitos estão sendo respeitados, reconhece a força do coletivo nas lutas pelos direitos e na reformulação dos limites e espaços sociais.
As tvs comunitárias reforçam o “direito de dizer” como uma forma de participação e como base para a modificação das relações autoritárias vividas pela população, conseqüência da posição social que possuem. Através do uso do vídeo, da imagem, o povo se iguala àqueles que governam. O vídeo é importante não só para buscar as soluções, mas também para a coordenação do processo de transformação da realidade.”

“Na mídia televisiva convencional, o morador da periferia faz parte de um imenso contingente de indivíduos anônimos. Já em um canal comunitário, ele é reconhecido como alguém que convive com o grupo. Sua ocupação, família e moradia podem ser identificadas.”


Uma das propostas da comunicação comunitária é fazer dos cidadãos excluídos, cidadãos politicamente ativos. Todavia, ainda há muitas barreiras a se derrubar. A lei que obriga as televisões a cabo a fornecerem um canal exclusivamente as tvs alternativas não é cumprida – nenhuma novidade, não é? – e toda uma programação, cuja qualidade é grande e a intenção melhor ainda, é perdida.
Como já estou me alongando bastante, terminarei aqui. Na próxima vez, se for do interesse de vocês também, eu posso continuar falando mais sobre o tema.

Um breve comentário: É engraçado. Para escrever o texto acima, eu procurava e não achava um tema interessante para falar. Mesmo com tantas informações e notícias, nada me despertou a atenção.
No entanto, uma simples conversa é capaz de nos fazer abrir os olhos um pouco mais e, finalmente, encontrar o assunto perfeito. Nada como um bom bate-papo.
Faça o mesmo. Comunique-se!
EXCELENTE CARNAVAL A TODOS!

terça-feira, 22 de janeiro de 2008

Aquele Prêmio Nobel







Edmund Phelps



Esta semana falarei novamente sobre o Prêmio Nobel (leia o texto anterior) e espero que menos afobada e de maneira mais clara. Afinal, aquela era a primeira vez que eu escrevia e um blog. Como uma fissurada em Ciência e leitora da revista Ciência Hoje estou aproveitando para escrever sobre um tema relacionado ao texto do Rafael Oliver (leia o texto anterior), que fala sobre o Mercado de Trabalho.

O prêmio Nobel de Economia de 2006 foi destinado à Edmund Phelps (Professor da Universidade de Columbia, EUA http://pt.wikipedia.org/wiki/Edmund_Phelps) pelo desenvolvimento de uma teoria que relaciona o Desemprego e a Inflação. Pode parecer algo simples, mas não é. Segundo a chamada Curva de Philips (1958) as taxas de desemprego e inflação são inversamente proporcionais,o que pode significar uma reviravolta nas políticas econômicas.

A proposta do Edmund Phelps e Milton Friedman (paralelamente) foi desenvolver uma nova teoria, a chamada “Curva de Philips aumentada por expectativas”, baseada na antiga Curva de Philips.

A antiga curva de Philips (vou chamar assim para diferenciar) era bastante utilizada nos governos dos países desenvolvidos. O governo controla as taxas de desemprego mantendo os níveis de inflação sob controle, e isso é feito por exemplo, diminuindo as taxas de juros, o que aumenta os gastos da população, a produção e é claro, os níveis de emprego. Essa portanto, seria uma maneira de avaliar o impacto da inflação sobre os gastos do povo. A “curva de Philips aumentada por expectativas” pode ser entendida como a aposta de um jogo de pôquer feita por um jogador sem dinheiro: ele quer criar expectativas entre os adversários, e assim deixar parecer que ele tem chances!

Voltando à economia, a nova curva de Philips também relaciona inversamente as taxas de inflação e os níveis de desemprego, mas soma à essa teoria a idéia da expectativa. A idéia é de que a expectativa com relação à inflação poderia causar aumento ou diminuição dela própria. A tentativa de controle do desemprego provocaria um aumento temporário da inflação, tempo necessário para que as expectativas econômicas da inflação sejam levadas para baixo.

A expectativa é um conceito já muito utilizado nas bolsas de valores e nas políticas internacionais. Quem já ouviu falar no risco-Brasil? Os chamados países emergentes atraem e repelem com a mesma freqüência os investidores, que baseados nas expectativas, rapidamente deixam de investir dinheiro no país causando um esquema instável de aumento de taxas de juros e desvalorização da moeda (apesar de uma série de fatores desencadearem esses riscos, e o aumento das taxas de juros, a questão da dívida externa, etc).

O objetivo do governo é manter a taxas de inflação e de desemprego em equilíbrio. No entanto, com essa meta de manter as taxas de desemprego em baixa o governo pode acabar provocando o aumento da inflação e após um tempo surgem os efeitos da insatisfação por parte dos trabalhadores, afinal, eles vêem seus salários sendo engolidos pelos gastos.

Essa política, no entanto, tem se mostrado insuficiente. Tem-se observado é necessário fazer uma escolha: ou se desiste de baixar o desemprego ou aceita-se a hiperinflação. Um exemplo concreto disso é o caso dos países da Europa Ocidental, onde a tentativa de controle da inflação proporcionou uma taxa de desemprego persistente, mesmo com as políticas à favor da diminuição dos gastos de demanda agregada (aqueles com aumento das taxas de juros, por exemplo, onde se diminui o total de gastos econômicos) na década de 1980.

Como essas teoria tem se mostrado falha, é interessante pensar então por que só em 2006 Phelps ganhou o Prêmio Nobel por essa teoria. Esses prêmios realmente são coerentes?

domingo, 13 de janeiro de 2008

O Mercado Ontem e Hoje - Parte I

Em se tratando de mercado de trabalho, a opinião das pessoas é unânime: está difícil conseguir emprego! Quase que diariamente, vemos principalmente nos grandes centros, enormes filas de pessoas na esperança de conseguir uma colocação. Do outro lado estão as empresas, que precisam melhorar sua capacidade produtiva e serem mais lucrativas, e para isso necessitam de profissionais cada vez mais bem capacitados não apenas tecnicamente, mas como pessoas. Mas como conseguir ou manter um trabalho, num mundo cada vez mais exigente e competitivo?

Esta pergunta também foi feita por uma matéria da Revista VEJA (Ed. Abril), em 19 de outubro de 1994, praticamente no berço do ‘boom’ tecnológico ocorrido no Brasil, e que por sua vez, foi mais um fator que contribuiu profundamente para a mudança das relações de trabalho no país. Para tentar esclarecê-la um pouco mais, vamos fazer um pequeno retrospecto.

Até o começo da década de 1990, o perfil do profissional exigido pelas empresas era o de um funcionário que sabia toda sua rotina, se vestia adequadamente, era pontual, assíduo e principalmente cumpria rigorosamente todas as regras estabelecidas na organização. Se falasse inglês ou outro idioma, era considerado no mínimo ilustre.
A partir de 1994, todo esse paradigma veio abaixo. Esses atributos deixaram de ser diferenciais e passaram a ser necessários. Falar inglês passou a ser fundamental, em virtude principalmente da globalização, que para as empresas representa o mercado não se restringir a apenas um país ou região, e sim ao mundo inteiro. A tecnologia possibilitou que as distâncias fossem reduzidas, diminuir custos, melhorar processos e substituir o homem em tarefas repetitivas, rotineiras e principalmente pesadas. Além, é claro, aumentar a produtividade.
Devemos destacar também aquelas características as quais não aprendemos em nenhuma faculdade ou palestra oferecida na empresa. Estamos falando de atributos como saber trabalhar em equipe, ser otimista, saber vender idéias, capacidade de negociação, saber ouvir críticas e transformá-las em algo positivo e ser flexível.

A conseqüência de todo esse processo de mudança, por mais simples que seja a função, é que as empresas estão exigindo cada vez um nível maior de qualificação por parte dos candidatos na hora de contratá-los, e requerendo ainda características como criatividade, ampla visão da organização e do mundo, que atualmente são como essenciais para um bom desempenho em um mercado globalizado e competitivo.

Visto isso, candidatos e profissionais devem investir em conhecimento e principalmente no desenvolvimento de habilidades para enfrentar os grandes desafios propostos, pelo agora gigante mercado - o mundo - cada vez mais feroz e dinâmico.
Fico por estas linhas, até a próxima!

[Ao som de Ida Corr – Let Me Think About (tuntz, tuntz, tuntz... xD)]

terça-feira, 1 de janeiro de 2008

No fim, todos falamos português.

Meus caros, é noite de ano novo. Despido desse sentimento de renovação, recomeço, etc e tal, encontrei o momento e a calma para escrever sobre um tema que considero importante, mas sobre o qual nunca havia pensado tanto quanto nos últimos tempos: preconceito lingüístico.
Talvez, seja necessário muito mais do que este pequeno texto para exprimir toda a minha opinião e dúvidas sobre o assunto.
Em uma longa conversa que tive com um amigo, estudante de Letras da UERJ, foi-me apresentada uma nova questão referente ao nosso idioma: “Quem fala de forma diferente do padrão da língua portuguesa fala errado?” Após muito discutirmos, chegamos à conclusão - na verdade, fui convencido - de que não. O erro está em não aceitar essas variações, presentes não só no Português, como também no Espanhol, no Inglês, no Francês e em todos os outros códigos lingüísticos que existem (ou existiram), em maior ou menor grau.

As variações a que me refiro são principalmente aquelas pertencentes ao campo gramatical. Exemplos não me faltam. São “discordâncias nominais e verbais”, “regências trocadas” e por aí a fora. Citarei dois casos muito comuns e que, vez por outra, são vistos com extremo preconceito por aqueles que se julgam dominantes da norma culta da língua, quando, na verdade, são os que a mais ignoram. Antes de continuar a explicar, é necessário esclarecer que somente consideramos variação, e não um erro, as expressões a que grande parte da população ou de uma comunidade aderiu, seja de forma consciente ou não.

Mencionarei primeiro o clássico “A gente fomos”... ou se preferir, “Nós vai”. Ainda há expressões do tipo “As menina foi” e “Os carro parou”... É sabido que quem fala do jeito mostrado acima, provavelmente, tem baixa escolaridade. E, por isso, são, freqüentemente, ofendidos e mal vistos. Uma atitude incorreta e absurda! Eu sei que em alguns de vocês, leitores, essas frases causam mais do que estranhamento, provocam uma irritação fora do comum. Para não dizer que sou 100% sem preconceito, digo-lhes que aquele famoso “mim” utilizado como sujeito, modo tão adorado pelo povo, me tira do sério. Perdão!

Entretanto, curiosamente, os equívocos lingüísticos praticados pela elite econômica - e acadêmica - deste país nem são percebidos. Sem querer entrar no mérito político da questão, são as encarnações perfeitas do que foi escrito até agora Lula e FHC. Poucas vezes – ou jamais na história desse país -, viu-se um Chefe de Estado fugir tanto da gramática normativa da língua quanto o faz o atual Presidente da República. Em algumas pessoas, causa vergonha. Poucas vezes também, viu-se tanta discriminação contra o ocupante do cargo maior da nação. Enquanto isso, os “erros” cometidos por FHC e pelos muitos políticos de direita são esquecidos (Leia a coluna de Gilson Caroni, na Carta Maior).

Nós, brasileiros, temos de mudar. Obviamente, não devemos abandonar as regras que organizam as nossas frases, os nossos discursos, sob o risco de o idioma se tornar uma grande salada. Os cidadãos devem, claro, ter acesso à boa educação, ao ensino culto da língua, para que tenham maiores oportunidades, mas jamais devem ter seu modo de se expressar, fruto do seu ambiente social, censurado ou desmerecido por quem quer que seja. Temos sim de nos adequar ao lugar onde estamos. “Se estou entre amigos, falo de um jeito mais descontraído, relaxado. Se estou em um meio acadêmico ou de trabalho, falo de modo mais formal.” Na minha visão, é assim que tudo deve funcionar. Cada local, cada "tribo", tem sua particularidade, tem seu linguajar.
Desejo que o leitor veja os diversos modos de dizer e, até, escrever como transformações naturais de todo idioma. Faz parte de um processo evolutivo, que, aos poucos, vai moldando as novas regras gramaticais.

O importante é se comunicar e aprender a respeitar as diferenças... Até no Português.
Afinal, o errado de hoje pode ser o certo de amanhã.
Em outra oportunidade, falarei mais e melhor sobre isto.
Feliz Ano Novo a todos.