quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

Mercado: O Jovem



Da última vez, escrevi sobre a transformação das relações de trabalho em virtude principalmente da grande Revolução Tecnológica ocorrida no Brasil e no mundo. Como prometi, continuarei falando sobre o mercado de trabalho, mas desta vez abordarei um aspecto que está ainda mais próximo de mim: a relação entre os jovens e o mercado de trabalho.

Uma pesquisa feita em 2005 pelo IBASE (Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas) em conjunto com o Instituto Polis, revelou que 27% dos jovens residentes nas principais regiões metropolitanas do país não exercem qualquer atividade educacional ou profissional. Esta conclusão foi tirada após serem ouvidos 8.000 jovens, assemelhando-se com a pesquisa feita pelo IBGE, em dezembro do mesmo ano nos grandes centros, na qual apontou que 23% destes com idade entre 16 e 24 anos, não estudam e não trabalham.

Esses dados além de remeter críticas e ofensas aos jovens nos revelam uma preocupante situação; e desde quando a pesquisa foi realizada, a realidade não mudou muito. Sabemos fatores como os ambientes familiar e social, a qualidade da educação - que no Brasil não é levada tão a sério – e a oportunidade de conhecer o mundo através de outros meios, influenciam sim na capacidade de inserção do indivíduo e no tipo de atividade.

“(...) Incerteza, fragilidade e insegurança têm sido, freqüentemente, palavras expressadas para caracterizar traços juvenis. Mas, num contexto de alto desemprego e subemprego, tanto para os jovens quanto para os adultos, como poderemos caracterizar o mercado de trabalho e a, quase sempre, inexorável inserção do indivíduo nesse mercado? ¹”

(...)Nossos grandes mercados urbanos de trabalho parecem estruturados de forma a ameaçar os trabalhadores jovens com a reprodução duradoura da instabilidade dos empregos precários e da recorrência do desemprego. Longe de se afigurarem como tormentos da inserção “juvenil” a serem ultrapassados com a maturidade profissional, esses riscos estão presentes na ordem do dia do mercado de trabalho também para grande parte dos adultos. ²

Baseado em minha experiência, notei que a principal dificuldade dos jovens – e me incluo neste grupo – é justamente a exigência da experiência profissional. Essa situação nos faz praticamente gritar para os empregadores: COMO TER EXPERIÊNCIA SE NÃO TENHO UMA PRIMEIRA OPORTUNIDADE?

O quadro nos leva a concluir também que além dos fatores supracitados, a exigência por experiência acaba afastando nossos jovens, os quais geralmente não têm muitas oportunidades, do mercado de trabalho. Obviamente que existem outras variáveis e conseqüências a partir deste assunto. Porém, na prática há diversas saídas como, por exemplo, o setor de serviços, que emprega na maioria das vezes pessoas sem experiência e ainda, aquelas que estão há algum tempo fora do mercado. Vale destacar que este é o setor que mais cresce todos os anos, mas os jovens acabam não sabendo disso e perdem a chance de começar a carreira. Sugiro também aos novos profissionais que continuem buscando as oportunidades, mas também fiquem atentos as mudanças a sua volta.

¹ http://www.centrodametropole.org.br/divercidade/index.html , confira a matéria sobre transição das fases na vida, dentre outras.
² Ana Amélia Camarano: Diretora de Estudos Macroeconômicos do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA). Organizou o livro “Transição para a vida adulta ou vida adulta em transição?”, lançado pelo Instituto. O livro também conta com a colaboração de diversos pesquisadores, dentre eles, a socióloga Nadya Araújo Guimarães, pesquisadora do Centro de Estudos da Metrópole (CEM). Guimarães, 2006: 173.

2 comentários:

Érica Azevedo disse...

Parabéns pelo texto Rafael Oliver! =)

Eu tenho algumas dúvidas.


1) O que seria 'supracitado' da expressão "fatores supracitados"? penúltimo parágrafo

2)e setor de serviços? os bancos seriam um exemplo?

Rafael Oliveira disse...

Obrigado Erica!

Vamos aos esclarecimentos:
1) Supracitados quer dizer anteriormente citados. No texto, me refiro a todos os fatores que compõem o quadro da realidade do jovem.

2)Quanto ao setor de serviços, Fazem parte desse ramo o comércio, o turismo, os serviços financeiros, jurídicos, de informática, comunicação, engenharia, auditoria, consultoria, propaganda e publicidade, seguro, corretagem, transporte e armazenagem, além das atividades públicas e privadas de defesa, segurança, saúde e educação, entre outros.

Espero que tenha esclarecido sua dúvida. bjs e Obrigado!