sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Música & Vida

Música. ♫♪♫

Do grego "μουσική τέχνη" - musiké téchne, a arte das musas. A música é uma forma de arte que se constitui basicamente em combinar sons e silêncio seguindo uma pré-organização ao longo do tempo. É atualmente considerada uma prática cultural e essencialmente humana. Porém, não vim aqui para tratar de conceitos, determinar pensamentos, vim para compartilhar o que ela respresenta na minha vida.

Hoje em dia, música é mais que um conjunto de sons ordenados. Ela é minha companheira nos momentos mais hostis do dia. Promove a minha concentração. Desde os tempos de estudante, sempre ouvia música para estudar para as provas e fazer os trabalhos... e acredite, tirava as melhores notas quando eu o fazia.

Música é cor, pois alegra meu espírito desde o primeiro momento do meu dia. Faz com que meu painel diário, muitas vezes borrado por problemas cotidianos, seja modificado. Por vezes, promove desapego, o encontro de possibilidades, atrai o sorriso dos que me querem apenas bem, muda totalmente a minha face, ainda que eu esteja de mau humor.

Música, hoje em dia, abafa o meu medo de andar na rua à noite, me acompanha até a casa. Ela encerra o meu dia. A cada dia vivido, escolho o fundo musical da minha história. Há dias em que eu quero apenas aquele ruído para me concentrar durante os meus treinos de corrida. Há dias que eu quero apenas sentir a emoção compartilhada pelo intérprete.

Música aprisiona meus demônios, apavora meus medos, traduz os meus desejos, me ajuda a pensar, me acalma, me mantém racional. Ela me ajuda em furtivas fulgas, me faz crer que não tenho mais as responsabilidades da vida adulta que sempre desejei. Esta, às vezes, é tão monótona... Através da música, vou escolhendo a trilha sonora do meu tempo, colocando estacas nesta linha do tempo, apenas para que eu carregue as lições e as doces lembranças do meu existir. Fica a reflexão feita em um projeto de música eletrônica visto na última rave Open Air em que estive presente: "Música é a essência de cada momento que vivemos. (...) Como seria a nossa vida sem a música?" A minha resposta é simples: triste.

Vamos homenagear a música, conte o que ela representa para você.
22 de Novembro, Dia da Música. We love music. ♫♪♫



Vídeo do projeto "Life is a Loop" gravado na xXxperiencie Rio de Janeiro - 4 de Julho de 2011.

Ao som de 'It will Rain' - Bruno Mars.

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

A ciência em movimento (des)acelerado


Em tempos onde tudo muda muito rápido (nem sempre para melhor), o movimento slow science vai em posição contrária a essa ideia. A exemplo do que já aconteceu em outras áreas, onde se desenvolveram movimentos como slow life, a favor de uma vida menos agitada, e slow food, a favor de uma alimentação mais lenta, o slow science prega uma desaleração no ritmo da ciência.

Esse movimento se popularizou entre os anos de 2009 e 2010 e tem sido defendido por alguns cientistas pelo mundo. O que se defende não é o retrocesso, nem o retorno ao passado sem tecnologia e comodidade que a ciência nos proporcionou ao longo das últimas décadas. O que se defende é o desenvolvimento da ciência útil e coerente,em contrapartida ao que se vê por aí, onde cientistas publicam trabalhos irrelevantes, sem perspectiva e utilidade, apenas para gerar números. Em alguns casos, até se reduz o tempo das pesquisas e do prazo para a geração dos resultados com o objetivo de se publicar mais e mais.

Eu sou a favor do movimento, mas acho que o slow science provoca uma desconfiança na comunidade científica, uma vez que os cientistas não querem se comprometer a desenfrear suas pesquisas sem a garantia de que os outros farão o mesmo. É uma questão de guerra científica, mesmo.

O fato é que hoje em dia se tem publicado muito mais em revistas científicas (acadêmicas ou não) em todo o mundo, com um destaque para o número de publicações no Brasil. No entanto, há que se questionar a qualidade e a validade dessas pesquisas, pois se não corremos riscos. Parece que a disputa é muito mais pela quantidade do que pela qualidade. E isso é incentivado pela comunidade científica internacional, uma vez que as fontes para as pesquisas advem de órgãos de fomento gorvenamentais ou não, ou empresas privadas. Para conseguir financiamento para os projetos, é necessário ter certo número de publicações e isso favorece o desenvolvimento, muitas vezes, da ciência sem valor.

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Tudo muda, eu mudo.

Estou me afastando das coisas que não fazem mais sentido,
Daquilo que não me ajuda a crescer,
De todos que não me acrescentam,
De tudo que me faz sofrer.

Estou praticando o desapego,
Vivendo os dias mais intensamente,
Me importando mais com a qualidade destes,
Deixando as pequenas diferenças de lado,
Ignorando as coisas que me desviam o caminho.
Estou me afastando de tudo que não é honesto
[apesar de ser difícil neste mundo],
De tudo aquilo que não é sincero,
Daquilo que é superficial.

Estou viajando em vários planos,
Indo a lugares que não fui,
Mudando atitudes,
Semeando ideias e colhendo revoluções,
Ainda que estas sejam apenas minhas.
Estou impondo limites,
Acabando com uns e expandindo outros.
Não estou deixando de ser quem eu sou,
Apenas tentando fazer diferente o que já não dá mais certo.

Ao som de "Chasing Pavements" - Adele

terça-feira, 10 de maio de 2011

A minha Salvador!

Salvador, Bahia. Uma das cidades mais antigas do Brasil. Com suas belas paisagens, suas milhares de igrejas, sua cultura bastante particular e influenciada principalmente pela cultura africana. Tive o prazer de desfrutar apenas dois dias dessa encantadora cidade do nordeste, mas que, particularmente, me valeram como quatro ou cinco dias.

Além das praias que se encaixam de maneira tão suave e natural ao mobiliário urbano, fui a alguns pontos turísticos: o Cristo da Barra, o Elevador Lacerda, a Praça da Prefeitura, assisti a uma peça sobre a amizade no Teatro Castro Alves, e fui a outras tantas praias, caminhei pelas vielas do pelourinho [o famoso pelourinho!], só não comi acarajé por ter alergia a camarão. O Mercado Modelo é obrigatório para quem deseja comprar coisas típicas locais, como recordação da viagem.

Fiquei em um albergue, num quarto coletivo. Nunca deixei de falar português durante tanto tempo na minha vida. Aliás, está ratificado - por mim - que a melhor maneira de se aprender outros idiomas é viajar e ficar hospedado em albergues [hostel, em inglês]. Conheci gente de vários países já no café da manhã: Argentina, Chile, Estados Unidos, Alemanha e Espanha. O que resultou na troca de experiências e impressões, que enriqueceram bastante o meu fim de semana.

O clima da cidade é bastante parecido com o do Rio de Janeiro. Faz calor, é úmido e tem belas paisagens. As pessoas em geral são bastante simpáticas e receptivas. Os motoristas de ônibus são bastante tranquilos. Eles indicam sempre os lugares onde se deve saltar e, se for o caso, param fora do ponto para tal. Mas fui informado de que eles só fazem isso se você for um turista. Se for nativo, nem pensar!

Apesar de ser conhecida como a cidade do carnaval e do ‘Axé’, não escutei este tipo de música nos lugares que fui para comer ou mesmo que estive de passagem. Aliás, não escutei qualquer estilo de música local e não sei se isso me fez falta.

A única coisa que me incomodou bastante foram os ambulantes em pontos turísticos como o Elevador Lacerda. Com suas abordagens agressivas, eles tentam forçar o visitante a comprar pulseiras e cordões artesanais. E se nós brasileiros não gostamos deste tipo de coisa, imaginem os estrangeiros. Aqui vai uma crítica: dá para entender o porquê de a cidade ter perdido o posto de cidade mais visitada do país.

Eu não vivenciei todos estes problemas a seguir, mas muitas pessoas com as quais tive contato reclamaram primeiro da falta de organização da Orla, da sujeira nas ruas, da qualidade – ou ausência dela – do transporte público e a falta de investimentos na cidade, principalmente na parte de infraestrutura. Bom, mas o post de hoje não tem o enfoque político. Só não queria deixar de abordar este item para fomentar os comentários daqueles que visitaram/ão a cidade ou moram nela. Nem vou citar aqui a questão do aeroporto... prefiro.

Por fim, faço jus à companhia dos meus amigos Gabriel e Renato, ambos foram muito bacanas ao me apresentarem a cidade com um olhar de quem vive nela, e claro, passear por vários outros lugares. E por último, vou confessar que fiquei apaixonado por aquele cenário a minha volta, a ponto de querer viver naquele fim de semana inesquecível para sempre. Sinto como se tivesse traído o meu belo Rio de Janeiro...

[Ao som de “El Espejo” – Maná]

Colaboração: Rafael Barbosa

Foto de Gabriel Farias, tirada no Cristo da Barra - Salvador/BA.

domingo, 1 de maio de 2011

Beatles Revolver






Estou de volta para falar um pouco sobre a maior banda de todos os tempos. No dia 06 de Agosto de 1966 foi lançado o 5º álbum dos Beatles, Revolver. Esse álbum, em minha opinião, é um pouco obscuro e tem um tom misterioso, pois marca a adesão da banda a psicodelia e a maior participação de George Harrisson, meu beatle preferido.
Em 2002 o álbum foi eleito pela revista Rolling Stone o maior álbum de todos os tempos, à frente até de Sgt Peppers, que também discordo que seja o melhor. Meu preferido é difícil de escolher, mas eu gosto muito de Help! e Abbey Road, apesar de minha canção preferida dos Beatles, Something, está no Álbum Branco.
Para mim, a melhor canção desse álbum é Eleanor Rigby, composta por Lennon-McCartney, seguida de I want to tell you.
A capa do álbum é bem diferente dos antecessores, com uma espécie de caricatura, muito marcante, por sinal, do quarteto. Eu nunca tinha percebido que entre os rostos do desenho havia fotos deles e inclusive um desenho pequeno, mas com o corpo incluído, como se estivessem se escondendo. Sempre é tempo de se surpreender com Beatles! Ah...!
A gravação foi feita entre os meses de abril e junho e estendeu a turnê pela Alemanha e Japão, que marcaria a última apresentação ao vivo da banda. A partir daí se tornaram músicos de estúdio, o que envolveu muitas discussões internas entre os membros. Segundo Paul, ele era o único que queria voltar a tocar em público. Após o lançamento do 6º álbum, o Sgt Peppers, eles passaram um tempo na Índia, sob a tutela de um guru, mas após um certo tempo e atritos internos, eles retornaram, numa onda de confusão para não serem mais os mesmos.




quinta-feira, 14 de abril de 2011

O tempo para sim!


Tempo para se fazer o que se quer... É raridade. Um dia passa como uma hora. A hora como minuto. E nossa vontade não fica com um segundo sequer. Taí. Esse é um dos privilégios de um turista: o poder de administrar o tempo, ou boa parte dele.

Em Buenos Aires, no verão, até o mais impontual dos brasileiros – e sabemos que são muitos – tem a sensação de que tudo está dentro do previsto. O Sol nos brinda com nada mais do que 13h, 14h de luz e calor. Nada como pensar, às 21h, que ainda é cedo. Evidentemente, um saboroso engano.

No entanto, esta cidade portenha é mais que o dia. Ela é, principalmente, a noite. Os próprios nativos garantem. Não que revele beleza impactante. Muitas vezes, as ruas vazias após às 22h parecem frustrantes, sinistras. Porém, logo um taxista explica: “Nessa época, muitos argentinos viajam para o interior ou para as praias”. Comprovado, inclusive por outras fontes mais confiáveis – nada contra taxistas.

Na TV, rodoviárias lotadas de malas e gente deixando a capital. Parecem ceder-nos espaço. E precisamos mesmo. Para onde se vai, principalmente, a falada Calle Florida, brasileiros entopem galerias e lojas e agitam os mercados formal e informal. Nada como sentir-se quase em casa. E em lugar aparentemente improvável.

Contudo, percebe-se aspectos marcantes da personalidade local. Monumentos não nos deixam esquecer que estamos num país que preserva sua memória. De muitas estátuas e bustos em homenagem aos heróis da Revolução até a pequena Mafalda, famosa personagem de quadrinhos, eternizada num pequeno banco em uma esquina no bairro de San Telmo.

Na última e fria madrugada vivida na cidade, pude fazer uma visita a ela, sempre sorridente e alegre. Contraste com as sérias pichações políticas que tomam conta dos muros, das bancas, das vias, dos monumentos. Além das faixas de protesto. Bonito ou feio, é um sinal dos tempos... atuais e antigos.

As avenidas extremamente largas, cortadas por pequenas ruas, que mais parecem becos. De La Boca à Recoleta, o choque entre cenários "suburbanos" e refinados, respectivamente. Muitos poderão dizer que tudo isso está em qualquer grande cidade. Não discordo.

Mas há algo diferente lá. O choque do moderno com o velho me deixou uma indecisão. Diversas vezes, afirmei: “Parece uma cidade dos anos 90, com suas Mirindas e 7UPs”. Será? A bebida certamente não é um critério justo. No entanto, para quem quer esquecer da vida, parar o tempo e se divertir, Buenos Aires cumpre seu papel. O atraso da noite é certamente um charme a mais.

Foto: Plaza de Mayo (Autor: Rafael Barbosa)

Leia também: "El primer vuelo en buenos aires"

domingo, 27 de março de 2011

As 1001 faces de um 'Pessoa'


Como sempre, a parte cultural da minha vida me faz escrever novamente. E não foi diferente neste domingo, quando resolvi fazer um passeio deste tipo na companhia ilustre da minha mãe. Nossa intenção era ir à outra exposição, mas não vou citá-la aqui para não perder o foco. No entanto, tenho que destacar que como a fila estava dando voltas no quarteirão do Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), fomos ver e nos surpreender com uma exposição magnífica em outro lugar...

O poeta português e suas várias faces são mostrados na Exposição "Fernando Pessoa - Plural como o Universo". Estive lá e só tenho a dizer que vale muito à pena prestigiar a mostra, pois está ao mesmo tempo surpreendente para quem já é familiarizado com a Obra do escritor e bem acessível pra quem não o conhece.

Logo no início, o visitante é apresentado ao escritor e suas várias personalidades. Alberto Caeiro, o poeta da natureza; Ricardo Reis, médico e discípulo de Caeiro; Álvaro de Campos, engenheiro de educação inglesa e origem portuguesa, e Bernardo Soares, do "Livro do Desassossego". Em meio a estas personas, raridades bibliográficas, como a primeira edição do livro Mensagem, o único publicado em vida por Fernando Pessoa, e os primeiros números da revista Orpheu, marco do modernismo em Portugal, podem ser encontradas ao longo do circuito.


A exposição conta com recursos que ajudam a ilustrar a Obra do autor. Um deles são os projetores dentro de várias espécies de cabines que possibilitam ao visitante ler seus poemas, os quais são divididos geralmente em oito partes e que vão sendo passadas com o movimento da mão a frente da projeção. A tecnologia promove a leitura mostrando trechos dos textos de Pessoa em dois grandes tanques virtuais de areia, que após certo tempo são apagados pela água do mar. Entre eles, há um grande pêndulo que segundo a curadoria da exposição, representa o tempo e faz parte da concepção cenográfica da exposição.

Há ainda a exibição de dois vídeos com pessoas em meio à multidão na cidade, recitando Pessoa, onde podemos sentar e apreciar com mais calma. O som alto e as palavras do escritor despertaram em mim curiosidade e provocaram reflexão. Em outro trecho do circuito, há uma sala onde mais trechos da Obra de Pessoa podem ser lidos apenas com a ajuda de espelhos, tudo isso com o som ambiente das ondas do mar.

Vocês podem conferir a exposição que está em cartaz no Centro Cultural dos Correios - Rio de Janeiro até 21 de Maio de 2011, de terça a domingo das 12h às 19h, na Rua Visconde de Itaboraí, 20, no centro do Rio (atrás do Centro Cultural Banco do Brasil - CCBB) com entrada franca.

Quem for, peço que deixe aqui comentários de suas impressões e sensações durante a visita.

Aproveitem e um grande abraço!

(Ao som de “Cupido” – Maria Rita)

Foto: Rafael Oliveira – celular / Fonte de informações e horários: site do Centro Cultural dos Correios – Rio de Janeiro.

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

El primer vuelo en buenos aires


Trabalho, estudos, futuro... Por uma semana, os compromissos com o que chamaria de 'vida real' ficaram de lado. A primeira grande sensação deste quase sonho foi estar acima das nuvens. Depois de toda uma vida me questionando como seria estar, durante algumas horas, a quilômetros do chão e a centenas de quilômetros por hora, entrei num avião. Evidentemente, as primeiras impressões não impressionam (com o perdão da redundância). Porém, logo percebi a força das turbinas, que impulsionaram e inclinaram todo aquele metal.

E ao subir a ladeira imaginária, enfim as primeiras e surpreendentes imagens daquele lindo fim de tarde... inesquecível. Com o Rio de Janeiro ficando para trás, a ansiedade seria uma constante companheira de viagem. Finalmente, chegou o voo de cruzeiro. Hora de soltar os cintos de segurança e buscar o toilet mais próximo - não deveria ter bebido 500ml de refrigerante antes de embarcar. Não demoraram a aparecer os primeiros constrangimentos. A aeromoça podia ter percebido que havia alguém dentro do toilet. Tudo bem. Já estava lavando as mãos mesmo. Nada, no entanto, que me fizesse escapar do constrangimento ao encontrar do lado de fora algumas comissárias de bordo com um sorriso no canto da boca. Não necessariamente malicioso, por favor.

De volta ao lugar, aproveitava cada minuto para observar a asa esquerda da aeronave. No entanto, nem o olhar fixo me fez encontrar a resposta para a pergunta que me fazia em terra. Os mais experimentados podem até justificar por meio da Física, da Aerodinâmica... Mas o voo de um avião – tão inacreditável, incrível – merece uma explicação mais encantadora.

Tão encantadora quanto assistir ao pôr do sol a milhares de pés do solo. Tão encantadora quanto ter como primeira imagem de Buenos Aires o panorama de uma cidade bem planejada (pelo menos quando vista do alto) e iluminada. Quadras, estradas, avenidas, edifícios, casas. Tudo em miniatura. E a linda combinação entre a Lua e o céu escuro e a iluminação alaranjada lá embaixo?... Em minutos, veio o anúncio do piloto: “Vamos pousar”. Após tocar o chão, aplauso dos passageiros. Merecido, após 2h30 no ar.

Já pisando em chão portenho, não me sentia em um lugar diferente. Me perguntava quando finalmente me daria conta de que estava em terra estrangeira, em outro país. Nem mesmo o vento frio era uma pista. A enorme quantidade de brasileiros, o português e a discussão na fila da imigração sobre o último capítulo da novela das nove quase me convenceram de que ainda estava em casa. As publicidades e as placas do aeroporto em espanhol, ainda bem, não permitiram.

Com carimbo no passaporte e bagagem já na mão, era hora de ir ao hotel, onde passaria pouco tempo naquela noite do dia 14. Afinal, tinha de dar os primeiros passos na cidade. Hora de fazer a ficha cair.

[Ao som de "La Cumparsita", Juan D'Ariezno y Su Orquestra]