segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Angle and Face




É muito interessante a maneira como as pessoas vêem o mundo pode influenciar o mundo e determinar uma maneira de ver toda a arte e cultura, inclusive a cinematográfica. Já parou para se perguntar o porquê de os filmes famosos Hollywoodianos lotarem as salas de cinema? Esses filmes ficam em cartaz por um tempo longo e passam em várias salas, em diversos horários e locais. Inclusive em locais de mais fácil acesso e é claro, mais baratos. Essa maneira de fazer filme foi criou o mito de que tudo o que se entende por cinema ocidental é isso. É necessário fazer com que o público se acostume com a idéia do que é cinema, a partir do qual se deu um longo tempo para convencer as pessoas de que aquilo é bom, e de aquilo é o certo. Mas é preciso lembrar que nem sempre o comum é certo e o certo é o melhor que se tem a fazer.
Tudo o que um indivíduo ocidental deseja é se sentir único (e não adianta negar isso porque é psicologia, é ciência e eu a aceito como tal) e imaginar que as experiências que vivem são fruto do pensamento subjetivo. Apesar de isso ser verdade não é o que o indivíduo ocidental cultua como bom pela indústria cinematográfica particularmente. Paradoxal, não? Então por que não cultivar o hábito e fazer de conta que o filme foi feito para cada um de nós, com a tenção especialmente voltada para o nosso modo de ver o mundo? Cenas de lutas, explosões, cores e brilhos chamam muito a atenção, mas se o ser humano ocidental só quer passar por uma experiência subjetiva por que não satisfazê-lo?
Se você refletiu em algum momento da sua vida sobre isso, ou se nunca pensou nisso mas decidiu pensar agora ainda há tempo.
Falando em indústria cinematográfica ocidental atual (nome besta, pode falar) o motivo de minha revolta educada, claro se chama Vicky Cristina Barcelona. E o que é isso? É o nome de um filme que está em cartaz nos cinemas. Vicky Cristina Barcelona é um filme de Woody Allen especialmente belo, cuidadoso e artístico. Vendo este filme e a partir da reflexão nesses e em outros filmes do mesmo autor, pude notar algo interessante: as imagens focam constantemente nos rostos dos personagens. Até mesmo em cenas pra lá de corpóreas e quem em qualquer obra que se preze deveria mostrar ao menos alguma coisa para deixar o público confortável e ainda mais curioso.
O foco no rosto provoca uma sensação de maior intimidade entre o público e o artista. É como se permitisse imaginar o que o personagem está sentindo, ou até mesmo o que está pensando. Decididamente este filme é sobre pessoas. Sobre pessoas e relacionamentos. Sobre pessoas e pessoas. Entende?

Link para o trailler do filme:

http://br.youtube.com/watch?v=39PuFOTjtk8


5 comentários:

Anônimo disse...

É difícil algum filme fugir desses moldes de sucessos sem história do cinema. Procurar essas pérolas é como catar agulhas em palheiros. Entretanto, eu ainda acredito que se fazem bons filmes, o maior problema é a distribuição deles no Brasil, ou talvez no mundo todo, que nos obriga a atravessar a cidade para assistir algo diferente de James Bond.

Apesar da pirataria e tudo o mais, o que é bom sempre resiste. Que façam filmes melhores e reclamem menos, aí sim começaremos a mudar as coisas.

Anônimo disse...

Já ia me esquecendo...

Javier Bardem é foda.

=D

Anônimo disse...

RAFAEL BARBOSA

o melhor papel de javier bardem que eu vi foi em "onde os fracos não tem vez".
no filme "mar adentro", ele se mostrou também muito talentoso.

esse dele com woody allen ainda não vi. mas já fiquei com vontade de assisti-lo.

bom texto, érica.

mas eu não critico os filmes que ganham as grandes salas. muitos são excelentes produções. e nem todos os filmes menos "expostos" são bons. isso depende.

e JAMES BOND é foda.

Érica Azevedo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
victor disse...

"Mas é preciso lembrar que nem sempre o comum é certo e o certo é o melhor que se tem a fazer."

Não curti tanto esse filme, mas achei interessante esse texto, principalmente essa abstração sobre o que é para nós, subjetivamente, uma bela arte, e sobre até que ponto somos levados pelo senso comum a aceitar algo como satisfatório.