terça-feira, 22 de janeiro de 2008

Aquele Prêmio Nobel







Edmund Phelps



Esta semana falarei novamente sobre o Prêmio Nobel (leia o texto anterior) e espero que menos afobada e de maneira mais clara. Afinal, aquela era a primeira vez que eu escrevia e um blog. Como uma fissurada em Ciência e leitora da revista Ciência Hoje estou aproveitando para escrever sobre um tema relacionado ao texto do Rafael Oliver (leia o texto anterior), que fala sobre o Mercado de Trabalho.

O prêmio Nobel de Economia de 2006 foi destinado à Edmund Phelps (Professor da Universidade de Columbia, EUA http://pt.wikipedia.org/wiki/Edmund_Phelps) pelo desenvolvimento de uma teoria que relaciona o Desemprego e a Inflação. Pode parecer algo simples, mas não é. Segundo a chamada Curva de Philips (1958) as taxas de desemprego e inflação são inversamente proporcionais,o que pode significar uma reviravolta nas políticas econômicas.

A proposta do Edmund Phelps e Milton Friedman (paralelamente) foi desenvolver uma nova teoria, a chamada “Curva de Philips aumentada por expectativas”, baseada na antiga Curva de Philips.

A antiga curva de Philips (vou chamar assim para diferenciar) era bastante utilizada nos governos dos países desenvolvidos. O governo controla as taxas de desemprego mantendo os níveis de inflação sob controle, e isso é feito por exemplo, diminuindo as taxas de juros, o que aumenta os gastos da população, a produção e é claro, os níveis de emprego. Essa portanto, seria uma maneira de avaliar o impacto da inflação sobre os gastos do povo. A “curva de Philips aumentada por expectativas” pode ser entendida como a aposta de um jogo de pôquer feita por um jogador sem dinheiro: ele quer criar expectativas entre os adversários, e assim deixar parecer que ele tem chances!

Voltando à economia, a nova curva de Philips também relaciona inversamente as taxas de inflação e os níveis de desemprego, mas soma à essa teoria a idéia da expectativa. A idéia é de que a expectativa com relação à inflação poderia causar aumento ou diminuição dela própria. A tentativa de controle do desemprego provocaria um aumento temporário da inflação, tempo necessário para que as expectativas econômicas da inflação sejam levadas para baixo.

A expectativa é um conceito já muito utilizado nas bolsas de valores e nas políticas internacionais. Quem já ouviu falar no risco-Brasil? Os chamados países emergentes atraem e repelem com a mesma freqüência os investidores, que baseados nas expectativas, rapidamente deixam de investir dinheiro no país causando um esquema instável de aumento de taxas de juros e desvalorização da moeda (apesar de uma série de fatores desencadearem esses riscos, e o aumento das taxas de juros, a questão da dívida externa, etc).

O objetivo do governo é manter a taxas de inflação e de desemprego em equilíbrio. No entanto, com essa meta de manter as taxas de desemprego em baixa o governo pode acabar provocando o aumento da inflação e após um tempo surgem os efeitos da insatisfação por parte dos trabalhadores, afinal, eles vêem seus salários sendo engolidos pelos gastos.

Essa política, no entanto, tem se mostrado insuficiente. Tem-se observado é necessário fazer uma escolha: ou se desiste de baixar o desemprego ou aceita-se a hiperinflação. Um exemplo concreto disso é o caso dos países da Europa Ocidental, onde a tentativa de controle da inflação proporcionou uma taxa de desemprego persistente, mesmo com as políticas à favor da diminuição dos gastos de demanda agregada (aqueles com aumento das taxas de juros, por exemplo, onde se diminui o total de gastos econômicos) na década de 1980.

Como essas teoria tem se mostrado falha, é interessante pensar então por que só em 2006 Phelps ganhou o Prêmio Nobel por essa teoria. Esses prêmios realmente são coerentes?

10 comentários:

Rafael Oliveira disse...

Parabéns pelo texto Érica! Tá muito bom. Mas o que seria demanda agregada? Não consegui entender.
Obrigado e mais uma vez, parabéns!

Érica Azevedo disse...

A demanda agregada é a 'medida' dos gastos da população. Essa demanda pode ser aumentada através da política de redução das taxas de juros e aumento da disponibilidade de crédito, por exemplo. Essas políticas tem como objetivo aumentar o poder de compra da população, gerando maior consumo, mais empregos, etc.

Anônimo disse...

Também não me soa muito coerente premiar por uma descoberta tantos anos depois, como acontece, mas enfim, devem ter algum critério para nós não compreensível.

Apesar de economia não ser a coisa mais interessante do mundo, o texto tá muito bom.

Érica Azevedo disse...

economia

Raphael disse...

Eu gostava de economia antigamente. Aliás, antes de querer fazer Química, eu pretendia fazer economia ou administração, lia até a parte de Economia do Jornal! Depois descobri que não gostava de ler a parte de Economia do Jornal. Hoje não me interesso pela ciência apesar de ainda achá-la bem instigante... Mas com suas distorções como a dependência mundial pelos EUA, agora que podem passar por uma crise, o mundo inteiro cai junto.
Sobre o texto em si, ficou bem jornalístico, parabéns ^^

Érica Azevedo disse...

huahuahua

eu descobri que gosto de economia^^


mas eu não gosto de contas, que paradoxo! existem coisas que as pessoas não se preocupam, e uma delas é com isso aí. economia é coisa de intelectual. É o que dizem, se as pessoas soubessem o básico disso, as coisas seriam mais fáceis.

Érica Azevedo disse...

consertando isso aqui:

"É o que dizem (ser coisa de intelectual). Porém, se as pessoas soubessem o básico disso, as coisas seriam mais fáceis."

Desculpem, estou com medo de não parecer clara!

Érica Azevedo disse...

Obrigada ao Raphael pela atenção com que leu os textos, e com as críticas construtivas que me fez. Tentei ser menos afobada desta vez (por Raphael), e acho que acabei falando muito (coisas de iniciante).


Obrigada ao Rafaéis também

e ao Eduardo

Felipe Fantuzzi disse...

Eu tb acho economia muito interessante. Na verdade, eu acho Teoria dos Jogos muito interessante e, como pra qualquer tipo de modelagem em economia é necessário usar teoria dos jogos, eu acabo me interessando por economia tb.

Sobre o Nobel: realmente existem muitas falhas e incoerências nesse prêmio.

Um caso clássico é aquele com o George Gamow (acho q o nome eh esse), um cosmólogo que fez todo o cálculo e teoria sobre a Radiação Cósmica de Fundo. Dois físicos, tentando consertar uma antena num radiotelescópio, acabaram acidentalmente medindo essa radiação e ganharam o Nobel. E o Gamow, coitado, não ganhou nada...

Anônimo disse...

Nã entendo Mto de Ecomonia,Mas Achei Bem Interessante o texto!
Bjão
Amo-te