Em Buenos Aires, no verão, até o mais impontual dos brasileiros – e sabemos que são muitos – tem a sensação de que tudo está dentro do previsto. O Sol nos brinda com nada mais do que 13h, 14h de luz e calor. Nada como pensar, às 21h, que ainda é cedo. Evidentemente, um saboroso engano.
No entanto, esta cidade portenha é mais que o dia. Ela é, principalmente, a noite. Os próprios nativos garantem. Não que revele beleza impactante. Muitas vezes, as ruas vazias após às 22h parecem frustrantes, sinistras. Porém, logo um taxista explica: “Nessa época, muitos argentinos viajam para o interior ou para as praias”. Comprovado, inclusive por outras fontes mais confiáveis – nada contra taxistas.
Na TV, rodoviárias lotadas de malas e gente deixando a capital. Parecem ceder-nos espaço. E precisamos mesmo. Para onde se vai, principalmente, a falada Calle Florida, brasileiros entopem galerias e lojas e agitam os mercados formal e informal. Nada como sentir-se quase em casa. E em lugar aparentemente improvável.
Contudo, percebe-se aspectos marcantes da personalidade local. Monumentos não nos deixam esquecer que estamos num país que preserva sua memória. De muitas estátuas e bustos em homenagem aos heróis da Revolução até a pequena Mafalda, famosa personagem de quadrinhos, eternizada num pequeno banco em uma esquina no bairro de San Telmo.
Na última e fria madrugada vivida na cidade, pude fazer uma visita a ela, sempre sorridente e alegre. Contraste com as sérias pichações políticas que tomam conta dos muros, das bancas, das vias, dos monumentos. Além das faixas de protesto. Bonito ou feio, é um sinal dos tempos... atuais e antigos.
As avenidas extremamente largas, cortadas por pequenas ruas, que mais parecem becos. De La Boca à Recoleta, o choque entre cenários "suburbanos" e refinados, respectivamente. Muitos poderão dizer que tudo isso está em qualquer grande cidade. Não discordo.
Mas há algo diferente lá. O choque do moderno com o velho me deixou uma indecisão. Diversas vezes, afirmei: “Parece uma cidade dos anos 90, com suas Mirindas e 7UPs”. Será? A bebida certamente não é um critério justo. No entanto, para quem quer esquecer da vida, parar o tempo e se divertir, Buenos Aires cumpre seu papel. O atraso da noite é certamente um charme a mais.
Foto: Plaza de Mayo (Autor: Rafael Barbosa)
Leia também: "El primer vuelo en buenos aires"
10 comentários:
Rafa,
mais uma vez fostes brilhante com as palavras. Quando se fala de Buenos Aires, nada se torna exagerado. Tudo lá é magia , surpresa, sabor, antigo(não velho como dizem por aí)... tudo nos chama a atenção. O novo e o antigo se encontram e pelas ruas e avenidas. Nossa todas as vezes que saí a noite encotrei pessoas pela rua , talvez seja o fato da Av. Paraguay cortar calles famosas como a Florida.
Mais uma vez parabéns ! Como eu digo sempre me apaixono por seus textos.
Poly
realmente fala mto bem... permite qm nao foi viajar ate buenos aires com suas memorias....
mto bom...
Eu imagino como é essa sensação de cidade anos 90 que você citou no texto. É sério que lá ainda tem Mirinda e 7up? Eu acho legal essa convivência da modernidade com a tradição. Acho que aqui deveria ser assim.
Boa discrição, fechou muito bem o outro texto. Essa mescla entre o novo e o antigo deve ser demais, de certa forma experimentamos isso no centro do Rio e algumas outras cidades do Brasil. Mas BsAs deve ser particularmente interessante.
Mal posso esperar pra ir lá no fim do ano.
Parabéns pela sensibilidade e as belas palavras, xará.
A propósito, acho que devíamos criar uma sessão chamada de "Viagens". O que acha?
hahaha
abraços!
Érica, tem sim. só senti falta do grappete. hahaha
mas eu não diria tradição. eu diria antigo ou velho mesmo. sem ofender a cidade. é só pra ser mais específico. haha
valeu, érica. e poste também, poxa. haha beijos.
rafael, obrigado também pelas palavras. a cidade é muito interessante. eu quero voltar para experimentar mais coisas... tive só uma palinha.
acho que vai ter a mesma sensação que eu. ou não. haha
olha, a ideia da seção é muito boa. vou criar aqui. haha e você fale de salvador e nos apresente a cidade também, ora.haha
abraço, xará.
Buenos Aires ficou ate atraente com seu texto,meus parabens otimo texto.
Sim, concordo com a parte da mistura entre "riquezas" e "suburbanidades"! Não gostei das ruas desertas tão cedo, e muitomenos de saber que os nativos estavam viajando, saindo de Buenos Aires... Perdi um pouco meu propósito! rs Mas o que mais me fascinou foram as noites com sol! Ahhhhhhhhhhhh...
Belo texto! Mais que 7.0 com ctz! hsusahsausahsausa ;) Parabéns!
De lo que escribes, entiendo la mitad, pero lo que puedo entender, me gusta como escribes y lo que escribes, así que, espero leer muchos más artículos escritos por ti.
Sara :)
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