quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

El primer vuelo en buenos aires


Trabalho, estudos, futuro... Por uma semana, os compromissos com o que chamaria de 'vida real' ficaram de lado. A primeira grande sensação deste quase sonho foi estar acima das nuvens. Depois de toda uma vida me questionando como seria estar, durante algumas horas, a quilômetros do chão e a centenas de quilômetros por hora, entrei num avião. Evidentemente, as primeiras impressões não impressionam (com o perdão da redundância). Porém, logo percebi a força das turbinas, que impulsionaram e inclinaram todo aquele metal.

E ao subir a ladeira imaginária, enfim as primeiras e surpreendentes imagens daquele lindo fim de tarde... inesquecível. Com o Rio de Janeiro ficando para trás, a ansiedade seria uma constante companheira de viagem. Finalmente, chegou o voo de cruzeiro. Hora de soltar os cintos de segurança e buscar o toilet mais próximo - não deveria ter bebido 500ml de refrigerante antes de embarcar. Não demoraram a aparecer os primeiros constrangimentos. A aeromoça podia ter percebido que havia alguém dentro do toilet. Tudo bem. Já estava lavando as mãos mesmo. Nada, no entanto, que me fizesse escapar do constrangimento ao encontrar do lado de fora algumas comissárias de bordo com um sorriso no canto da boca. Não necessariamente malicioso, por favor.

De volta ao lugar, aproveitava cada minuto para observar a asa esquerda da aeronave. No entanto, nem o olhar fixo me fez encontrar a resposta para a pergunta que me fazia em terra. Os mais experimentados podem até justificar por meio da Física, da Aerodinâmica... Mas o voo de um avião – tão inacreditável, incrível – merece uma explicação mais encantadora.

Tão encantadora quanto assistir ao pôr do sol a milhares de pés do solo. Tão encantadora quanto ter como primeira imagem de Buenos Aires o panorama de uma cidade bem planejada (pelo menos quando vista do alto) e iluminada. Quadras, estradas, avenidas, edifícios, casas. Tudo em miniatura. E a linda combinação entre a Lua e o céu escuro e a iluminação alaranjada lá embaixo?... Em minutos, veio o anúncio do piloto: “Vamos pousar”. Após tocar o chão, aplauso dos passageiros. Merecido, após 2h30 no ar.

Já pisando em chão portenho, não me sentia em um lugar diferente. Me perguntava quando finalmente me daria conta de que estava em terra estrangeira, em outro país. Nem mesmo o vento frio era uma pista. A enorme quantidade de brasileiros, o português e a discussão na fila da imigração sobre o último capítulo da novela das nove quase me convenceram de que ainda estava em casa. As publicidades e as placas do aeroporto em espanhol, ainda bem, não permitiram.

Com carimbo no passaporte e bagagem já na mão, era hora de ir ao hotel, onde passaria pouco tempo naquela noite do dia 14. Afinal, tinha de dar os primeiros passos na cidade. Hora de fazer a ficha cair.

[Ao som de "La Cumparsita", Juan D'Ariezno y Su Orquestra]